O “Seminário de Religiões de Matriz Africana – Intolerância Religiosa”, que ocorreu na noite da última terça-feira (12), no Teatro Padre de Man, na PUC Minas Contagem, teve o objetivo principal de debater questões referentes ao combate à intolerância religiosa contra terreiros e praticantes de religiões de matriz africana. No seminário, foram abordados temas como a importância da identidade cultural na concepção religiosa, os acontecimentos históricos da influência das tradições portuguesas, indígenas e africanas e o sincretismo religioso brasileiro.
Nesse sentido, com o objetivo de estimular a reflexão sobre a inserção do povo negro na sociedade, a Prefeitura de Contagem, por meio da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, está realizando, durante todo o mês de novembro, atividades voltadas à promoção da igualdade racial no município.
A atividade na PUC Minas Contagem foi concebida pelo grupo Ilê Axé Omin de Oxalufan e pela Yalorixá Katia Barbosa, em parceria com a Superintendência de Políticas para Promoção de Igualdade Racial, além do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (Compir) e a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania.
O secretário Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Marcelo Lino, argumentou que as lutas coletivas tornam as pessoas e o mundo melhores. “Somos melhores coletivamente. O fato de estarmos aqui significa que acreditamos no que estamos fazendo, e não que estamos aqui em função dos lugares institucionais que ora ocupamos”, disse.
Segundo Igor de Oliveira Dalbem, conselheiro do Compir e organizador do evento, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) existem aproximadamente 1.500 terreiros oficialmente catalogados “Em Contagem, temos mais de 500 terreiros de fundo de quintal”, disse.
Evaldo da Conceição, membro da comunidade dos Ciriacos, do Compir e um dos responsáveis pelo seminário, explica que muitos desses terreiros permanecem no anonimato por temor da intolerância religiosa.
Para o superintendente de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial, Jorge Antônio dos Santos, que também integra a Comunidade dos Arturos, localizado em Contagem, a realização do seminário se insere no momento em que crescem as denúncias de violência contra religiões de matriz africana. “Precisamos unir os grupos e terreiros, órgãos públicos e a sociedade para expor a realidade em que vivem as religiões de matriz africana. Em pleno século XXI, ainda sofremos racismo e discriminação e dificuldades para exercemos nossas atividades religiosas. Queremos respeito e valorização do legado dos nossos ancestrais. Vale lembrar que a superintendência está de portas abertas para receber denúncias e fazer os encaminhamentos necessários”, frisou.
O presidente do Compir, João Carlos Pio de Souza, enfatizou que o fomento à consciência negra não deve se limitar às comemorações do 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra. A data faz referência à morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares. “Consciência negra é todo dia e toda hora, mas o mês de novembro proporciona um momento de diálogo maior. Olhando para a nossa cidade, vemos a emergência da discussão do tema da intolerância religiosa. O Compir monitora as políticas de igualdade racial no município e propõe ações e programas voltados ao tema. Precisamos dialogar e juntar forças para termos uma cidade mais igualitária”, disse.
O vereador José Antônio Procópio de Almeida afirmou que foi o autor do projeto de lei que instituiu o 20 de novembro como feriado municipal e parabenizou o atual governo pela iniciativa da realização do seminário. Para ele, é preciso que as pessoas conheçam a história do povo negro e das religiões de matriz africana.
Contatos da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania: 3391-2551 - e-mail: direitos.cidadania@contagem.mg.gov.br
Contato da Superintendência de Política para a Promoção da Igualdade Racial: 3398-4268